Ele era um sujeito meio tolo, de sorriso aberto e cabelo bagunçado e se achava apenas mais um malandro no mundo. Ele chegou de mansinho e de leve e tumultuou todo meu ser, tumultuou meu mundo certo. Chegou banalizando tudo de valor, e valorizado todo o banal, lapidou meus medos, destruiu minhas certezas, apenas chegou como uma torrente, um terremoto, um tsunami…
Ousado, intenso, deslealmente leal, presente na ausência, distante na presença, envolvente e repulsivo ao mesmo tempo. Atrativo e repelente, dois opostos de mim absolutos… ele chegou e invadiu meu mundo, girou tudo mexeu comigo. Ele se prendeu a mim mesmo sem me prender com ele.
Ele apareceu numa bruma leve em um domingo de verão e ficou por todo outono quase até o inverno. Ele é como uma miragem sem cor, sem som e gosto ou tato, mas ao mesmo tempo ele tem tudo isso cravado na memória das lembranças que ainda nem criamos. E é neste silêncio constante da miragem desta bagunça que desejo o dia do encontro, da trama de aprender esquecer o que ainda não tive. Como harmonizar dois opostos inteiros em segundos, ou fazer faíscas nas águas dançar sob as águas, mesmo que caminhar sob as águas seja impossível.
Através dele me torno impossível.
Ele rega minha alma, da mesma forma que minha alma nega a dele. Ou que nossas almas se negam enquanto se regam,os juízos se repelem, se unem e se debatem.
Ele me tumultua, enquanto eu ainda nem sei bem o porquê…
Crônica inspirada na canção Você Me Bagunça de O Teatro Mágico.